Fanatismo por Florbela Espanca

FANATISMO

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver.
Não és sequer a razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida…
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No mist’rioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!…

“Tudo no mundo é frágil, tudo passa…”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:

“Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu é como Deus: princípio e fim!…”

(De Poesia de Florbela Espanca – Volume 2Coleção L&PM Pocket)

Na poesia da portuguesa Florbela Espanca (1894-1930) pulsa um verdadeiro e ousado diário íntimo que emociona quem tem contato com seus versos. Entre os fãs da poeta está o cantor Raimundo Fagner que já musicou várias de suas criações. O primeiro foi justamente o poema acima, de um álbum de 1981, que virou um grande sucesso na época. Depois disso, Fagner já musicou o “Soneto I”, “Chama quente”, “Tortura”, “Frieza”  – em que  o cantor fazia um dueto com Amelinha – e ainda “Impossível” em parceria com a cantora espanhola Ana Belém.

Abaixo, Fagner e Zeca Baleiro cantando “Fanatismo”. Acompanhe lendo o poema:

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