Os acontecimento do dia 1º de abril de 1964 são rememorados em detalhes pelo jornalista Flavio Tavares no livro 1964 – O Golpe. Leia um trecho:
Ao chegar no meio da tarde de 1º de abril, Jango foi direto ao Palácio do Planalto, reuniu-se com o chefe da Casa Civil, Darcy Ribeiro, combinou um encontro com os líderes do governo no Congresso e conversou com o general Ladário e com Brizola, em Porto Alegre, pela radiofonia da Casa Militar. Telefonou a Maria Thereza para que preparasse as crianças e as malas para viajar urgente ao Sul. Tudo tão rápido que ela não entendeu nem percebeu que saía para jamais voltar e mandou arrumar poucas mudas de roupa.
Brasília é o terceiro movimento, ou o terceiro compasso de algo que já é quase uma dança macabra.
O cabeleireiro Virgílio chegava nesse exato momento para penteá-la e ela o dispensou. Ele insistiu, com aqueles trejeitos teimosos em que imitava as birras ou denguices das artistas de cinema, com os quais costumava dobrar a primeira-dama. Ofereceu-se para penteá-la no Sul e pediu carona no avião da Presidência da República. E, sem saber que a passagem era só de ida, embarcou no Avro turboélice, que decolou dali mesmo, do campinho da residência presidencial. Quatro passageiros apenas: Maria Thereza, as duas crianças e o cabeleireiro. A ordem de Jango fora terminante: ela viajara de imediato, para que ele se reunisse em intimidade com os mais achegados lá mesmo, na Granja do Torto, evitando o palácio.