Eles traduzem do inglês, francês, espanhol, alemão, italiano, polonês, norueguês, russo, holandês, chinês, grego… Estudam cada palavra, analisam cada frase, revisam cada linha. Sem os tradutores, nossas opções de leitura seriam muito mais limitadas e nossa biblioteca muito mais reduzida.
Para homenagear os tradutores no Dia Internacional da Tradução – 30 de setembro – vai aqui um texto de Millôr Fernandes que traduziu, entre outros, Shakespeare:
Le dernière translation (Homenagem à Sociedade Brasileira de Tradutores):
Quando morre um velho tradutor
Sua alma, anima, soul,
Já livre do cansativo ofício de verter
Vai direta para o céu, in cielo, to the heaven, au ciel, in caelum, zum himmel,
Ou pro inferno, Holle, dos grandes traditori?
Ou um tradutor será considerado
In the minute hierarquia do divino (himm’lisch)
Nem peixe nem água, ni poisson ni l’eau,
Neither water nor fish, nichts, assolutamente niente?
Que irá descobrir de essencial
Esse mero intermediário da semântica
Corretor da Babel universal?
A comunicação definitiva, sem palavras?
Outra vez o verbo inicial?
Saberá, enfim!, se ele fala hebraico
Ou latim?
Ou ficará infinitamente no infinito
Até ouvir a Voz, Voix, Voce, Voice, Stimme, Vox,
Do Supremo Mistério partindo do Além
Voando como um pássarobirduccelopájarovogel
Se dirigindo a ele em…
E lhe dando, afinal,
A tradução para o Amén?