Em vida, Sir Arthur Conan Doyle falou que preferia ser lembrado por seus escritos sobre o espiritismo do que por seus romances de Sherlock Holmes. Mas isso, como você bem sabe, não aconteceu. A ligação do escritor britânico com o espiritismo, no entanto, segue sendo mencionada sempre que se pensa em alguém famoso que tenha realmente se dedicado a estudar, defender e disseminar essa “doutrina baseada na crença da sobrevivência da alma e da existência de comunicação, por meio da mediunidade, entre vivos e mortos, entre os espíritos encarnados e os desencarnados” conforme verbete do dicionário Aurélio.
A Biblioteca Britânica possui em seu acervo gravações raras do escritor, feitas não apenas antes como também depois de sua morte. Em uma delas, divulgada no site da British Library, é possível ouvir uma conferência de Conan Doyle sobre espiritismo, realizada em 14 de maio de 1930, apenas dois meses antes de sua morte. Ele abriu sua palestra dizendo
“As pessoas perguntam o que você tem a ganhar com o espiritismo. A primeira coisa é que ele dissipa totalmente o medo da morte. Segundo, ele é uma ponte para que possamos nos comunicar com aqueles entes queridos que possamos vir a perder.”
Clique sobre a imagem do disco para escutar as palavras do próprio Conan Doyle:
O espiritismo surgiu em meados do século 19 na América, mas foi principalmente após a Guerra Civil Americana, quando as pessoas procuravam ajuda para se comunicar com os familiares falecidos, que ele ganhou mais adeptos. Apesar de Conan Doyle ter ficado intrigado com o fenômeno já em 1880, sua crença só se afirmou depois que ele participou de uma sessão na qual teve certeza de ter contatado seu filho Kingsley, que morreu de pneumonia em 1917, após ter sido ferido na França.
Conan Doyle escreveu mais de sessenta livros sobre espiritismo, incluindo A História do Espiritismo, um tomo de dois volumes publicado em 1924. Ele também desenvolveu uma forte amizade com Harry Houdini que, além de acreditar na vida após a morte, também se dedicava a desmascarar golpistas que queriam lucrar com o movimento espírita. O relacionamento entre Conan Doyle e Houdini chegou a um amargo fim quando o escritor convidou o ilusionista para uma sessão privada, durante a qual a mulher de Conan Doyle, Jean, alegou ter entrado em contato com a mãe de Houdini. O problema foi que a mensagem teve início com o sinal da cruz, o que seria impossível, já que o espírito em questão tinha sido esposa de um rabino. Acreditando ter sido vítima de uma farsa, Houdini se ressentiu profundamente.
Em julho de 1930, uma semana após a morte de Conan Doyle, milhares de pessoas participaram de uma sessão espírita no Royal Albert Hall em que um médium alegou ter se comunicado com ele.
Quatro anos depois, em 28 de abril de 1934, uma sessão espírita realizada por Noah Zerdin no Aeolian Hall, New Bond Street, em um auditório com capacidade para 560 pessoas, registrou contato com 44 espíritos e Conan Doyle teria sido um deles. A famosa sessão realizada no Aeolin Hall foi gravada em 26 discos de acetato que ficaram guardadas por décadas até que, em 2001, foram reveladas por Dan Zerdin, filho de Noah.
Muito boa a matéria. Só gostaria de atentar para um erro comum , a confusão entre Espiritismo e Espiritualismo . Sir Arthur Doyle foi um dos divulgadores ( se não o maior) do ESPIRITUALISMO. O Espiritualismo ou Moderno Espiritualismo é popular até hoje nos EUA e Inglaterra. Defende a ideia de sobrevivência da alma e sua comunicação com os vivos, mas não tem uma doutrina definida. Já o ESPIRITISMO foi sistematizado pelo educador francês Allan Kardec , prega a caridade , a fé em Deus e a reencarnação. Espero ter ajudado.
Fábio.Sr.Artur Conan Doyle era espírita sim.Escreveu vários livros sobre o assunto tais como: A História do Espiritismo,que ainda hoje é publicada pela Federação Espírita Brasileira.Ele também estudou o chamado Moderno Espirtualismo mas aderiu a Doutrina dos Espíritos por ela ser bem mais organizada e codificada do que outras filosofias espiritualistas.
Wanderson, o Fábio está certo. A tradução feita pela FEB em 2013 se chama “A história do espiritualismo”. A edição antiga, da editora Pensamento, é que se chamava (equivocadamente) “A história do espiritismo”. O próprio Conan Doyle faz questão de observar essa distinção feita pelo Fábio em sua obra. Na edição da FEB, há uma nota em que o tradutor também explica tudo isso. Conan Doyle não era espírita, mas sim espiritualista, tal como a maioria dos britânicos que acreditavam nos fenômenos mediúnicos.