A imagem mais presente que se tem do poeta chileno Pablo Neruda é dele sem barba e usando uma boina. Talvez por isso cause estranhamento ver o ator principal de “Neruda – Fugitivo” de cabeça desnuda e barba densa. O longa dirigido por Manuel Basoalto estreou nessa quinta-feira, 9 de julho, em várias cidades brasileiras e tem sua trama centrada em 1948 quando Neruda deixou a barba crescer ao fugir do Chile:
O filme é centrado na fuga e na clandestinidade do poeta chileno no final dos anos 1940, quando o presidente González Videla colocou o comunismo na ilegalidade, obrigando o poeta e então senador Neruda – um dos principais opositores do regime autoritário – a fugir do seu país natal com medo de ser enviado a Pisagua, a maldita prisão para presos políticos fincada no meio do deserto de Atacama. Interpretado pelo ator José Secall, o Neruda de Bosoalto é uma figura incontestada, dono de uma verve apurada, com um discurso “Eu acuso”, que lembra J’accuse…! A Verdade Em Marcha, de Émile Zola.
E enquanto “Neruda – Fugitivo” acaba de estrear, um outro filme sobre Pablo Neruda começou a ser rodado em junho pelo também chileno Pablo Larraín. Mirando o mercado internacional com coprodução da França e Espanha. o filme de Larraín terá o ator Gael García Bernal no elenco. “Não é uma biografia tradicional. Na verdade, é algo no espírito do filme noir, que poderia ter sido feito na década de 1950, com suspense e perseguições, mas sem recorrer a efeitos especiais. E o ponto de vista não é o do poeta. É o da polícia. É o olhar de quem o persegue”, contou Larraín à imprensa chilena.