Em 20 de julho de 1873, em Minas Gerais, nascia Alberto Santos Dumont. O “brasileiro voador”, como ficaria conhecido em Paris, veio ao mundo no dia do aniversário do pai, como conta Alcy Cheuche no livro Santos Dumont, da Série L&PM Pocket Encyclopaedia:
No meio da manhã de 20 de julho de 1873, dia em que Henrique Dumont completava 41 anos de idade, uma locomotiva fumacenta veio buscá-lo no canteiro de obras. O maquinista e o foguista, muito excitados, traziam um recado da escrava Ordália, esposa de Damião, parteira, cozinheira e manda-chuva da pequena equipe doméstica de Francisca. Acabara de nascer um menino; a mãe passava bem, mas pedia, logo que possível, a presença do pai.
Não tendo como fazer o retorno na estrada em construção, foi de marcha-ré que a Maria-Fumaça levou o engenheiro de volta para casa. No trajeto até o sítio Cabangu, mesmo feliz com o presente de aniversário, ele começou a preocupar-se com a chegada do sexto filho. Dentro em pouco as obras estariam concluídas, e era mister levar a esposa para um local mais confortável, mais perto da civilização. Ele também estava começando a década que o levaria aos cinquenta anos. Era preciso conquistar uma situação econômica mais estável para sua família.
No pequeno chalé, que atrai, a cada ano, milhares de turistas de todo o mundo, Henrique encontrou Francisca feliz com o bebê rosado e cabeludo a seu lado. O parto fora normal e uma única preocupação formava ruga entre seus olhos. Queria amamentar o filho, o que não fizera com os outros, sempre entregues a escravas amas-de-leite. Ordália era contra, mas Henrique, com sua autoridade patriarcal, concedeu à esposa o privilégio de amamentar, raro entre os brancos de posses naqueles tempos. E assim, o menino Alberto, como foi batizado, mamou até os dois anos de idade nos seios da sua própria mãe.