Antoine de Saint-Exupéry não sabia que, mais de cem anos depois de sua morte, seu nome ainda estaria nas listas de livros mais vendidos de todo o mundo. Autor de “O Pequeno Príncipe“, tinha paixão por voar – e não apenas em suas histórias. Aviador profissional, foi piloto na Segunda Guerra Mundial. E, em 31 de julho de 1944, voou para nunca mais voltar. Nunca mais se teve notícias do escritor aviador como mostra este trecho de Paris Ocupada, livro de Dan Franck que é, na verdade, um grande relato sobre a vida intelectual e cultural de Paris sob a ocupação nazista:
Em 31 de julho, voou da Córsega para a quinta missão. Às 8h45, o mecânico o ajudou a baixar o vidro da cabine. Tirou os calços. A aeronave se dirigiu pesadamente para a extremidade da pista, depois alçou voo. Direção: Lyon. Ele deveria voltar ao meio-dia. Ao meio-dia e meia, as equipes de resgate estavam na pista, aguardando um ronco de motor, um rastro de fumaça negra. Ao meio-dia e quarenta e cinco, Antoine de Saint-Exupéry ainda não tinha voltado. Sua presença não era constatada em nenhum radar. À uma hora, seus companheiros pensaram no pior: sabiam que o Lightning não tinha combustível para mais do que cinco horas de voo. Às duas e meia, entenderam que o amigo não voltaria. O avião provavelmente havia desaparecido no Mediterrâneo.
Permaneceu um instante imóvel – conta o Pequeno Príncipe. Não gritou. Caiu de mansinho como cai uma árvore. Nem chegou a fazer barulho, por causa da areia.