7 de outubro de 1955 no número 3119 da Fillmore Street em San Francisco, Califórnia. Em um galpão de oficina mecânica transformado em galeria de arte e batizado de Six Gallery, um grupo se reuniu para um evento de poesia.
A sessão começou com Philip Lamantia apresentando poemas de John Hoffman, prosseguiu com Michael McClure e seu poema de protesto contra o morticídio das baleias e, animada pelo vinho distribuído por Kerouac e seus gritos, atingiu o clímax com a leitura, por um Ginsberg já embriagado, da primeira parte de Uivo, transmitindo imediatamente aos presentes a sensação de estarem diante de uma manifestação notável. Nas palavras de [Kenneth] Rexroth, …quando Allen leu Howl, foi como se o céu caísse sobre nossas cabeças. Um efeito inimaginável. Pois, seguramente, ele dizia tudo o que aquele público desejaria ouvir, e dizia isso na linguagem deles, rompendo radicalmente com o estilo estabelecido. (Cláudio Willer, tradutor de Uivo na introdução do livro)
Foi o início de uma nova geração. A Geração Beat.
I
Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura,morrendo de fome, histéricos, nus, arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca de uma dose violenta de qualquer coisa, hipsters com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contato celestial com o dínamo estrelado na maquinaria da noite, que pobres, esfarrapados e olheiras fundas, viajaram fumando sentados na sobrenatural escuridão dos miseráveis apartamentos sem água quente, flutuando sobre os tetos das cidades contemplando jazz,desnudaram seus cérebros ao céu sob o Elevado e viram anjos maometanos cambaleando iluminados nos telhados das casas de cômodos (…)
A L&PM publica Uivo, Kaddish e outros poemas em dois formatos, com tradução, seleção e notas de Cláudio Willer.
No dia que marca os 60 anos da leitura de Uivo, Willer estará na Feira do Livro de São Luís, no Maranhão, participando de dois eventos:
– 18h, performance poética no Beco Catarina Mina.
– 20h, palestra “Beat Generation: a influência para além do mito”, mediada por Josoaldo Rego. Local: Café Literário, Centro de Criatividade Odylo Costa, filho.