Pouco importa de William Shakespeare nasceu e morreu mesmo em 23 de abril. Esta foi a data escolhida para prestarmos homenagens a ele. E ponto. 23 de abril deste ano, aliás, marca os 400 anos de sua morte, ocorrida em 1616, o que fará acontecer muitas produções, concertos, exposições e eventos ao redor do mundo. O The New York Times separou aqueles que considerou mais significativos e publicamos eles aqui com tradução feita pela Folha de S. Paulo.
CENTRO DE LONDRES
O trecho da margem sul do rio Tâmisa, em Londres, situado entre Westminster e Tower Bridge, deve ficar lotado no fim de semana de 23 e 24 de abril. Nesses dias, o Shakespeare’s Globe vai apresentar “The Complete Walk”, uma celebração shakespeareana com 37 telas, cada uma das quais exibindo um curta-metragem com atores notáveis como Simon Russell Beale e Jonathan Pryce representando cenas de cada peça de Shakespeare.
‘FIRST FOLIO’ EM TURNÊ
A Folger Shakespeare Library está enviando exemplares do “First Folio” —a publicação de 1623 que incluiu quase todas as peças do dramaturgo em um só volume, pela primeira vez— em uma turnê que passará por todos os 50 Estados americanos. A tour do “First Folio” faz parte de uma celebração promovida pela biblioteca Folger intitulada “The Wonders of Will”, que também inclui uma produção de “Sonho de Uma Noite de Verão” na Folger, em Washington, uma série de palestras e um convite para as pessoas compartilharem em vídeo suas histórias envolvendo Shakespeare ou suas visões do discurso “ser ou não ser” de Hamlet.
DEPOIS DO APOCALIPSE
A distopia se espalha pelo palco em “unShakeable”, obra encomendada pela Santa Fe Opera ao compositor e regente Joseph Illick e a libretista Andrea Fellows Walters. Inspirada nas peças de Shakespeare, a ópera é ambientada num teatro abandonado do Novo México, 25 anos no futuro, três anos depois de uma pandemia viral. Contrariando essa descrição trágica, trata-se de uma comédia romântica, pelo menos pelos padrões operísticos. Depois de apresentações em Santa Fe em 9 e 10 de abril, a produção partirá em turnê pelo Novo México e Colorado.
VENDENDO ESPETÁCULOS
Em 28 de março a companhia Theater for a New Audience e a Princeton Architectural Press vão promover uma discussão livre sobre o design de pôsteres para obras de Shakespeare, vinculada a “Presenting Shakespeare: 1.100 Posters from Around the World”, um grande compêndio de arte de 55 países. Os pôsteres que mais chamam a atenção no livro são minimalistas inteligentes, como o deliciosamente mórbido sorvete de casquinha de carne numa produção argentina de “Hamlet”. A discussão será presidida pelos autores do livro, Mirko Ilic e Steven Heller, e contará com a participação dos designers gráficos Milton Glaser e Paul Davis.
RELÂMPAGO
Para assistir a uma peça do jeito que os contemporâneos do autor faziam -possivelmente até em pé-, uma boa opção pode ser dar um pulo até Auckland, Nova Zelândia. Ali você encontrará uma réplica do Globe Theater em dimensões fiéis ao original. Estamos falando do segundo Globe Theater: o primeiro, construído em 1599, tinha telhado de colmo e foi destruído em um incêndio em 1613, durante uma apresentação de “Henrique 3º”. “Hamlet” e “A Tempestade” são algumas das peças que serão encenadas na temporada curta deste espaço relâmpago, que vai desaparecer rapidamente em abril.
FLUIDEZ DE GÊNERO
A companhia Cohesion Theater, de Baltimore, está dedicando parte de sua temporada a obras de autores teatrais transgêneros ou estreladas por transgêneros. No caso de sua produção de “Hamlet”, a diretora Alice Stanley, que não se identifica com nenhum gênero, escolheu uma atriz para representar uma Hamlet mulher e uma atriz para fazer um Laerte homem.
SHAKESPEARE E VOCÊ
“We Are Shakespeare”, criado pela Shakespeare Theater Association em colaboração com a Universidade de Notre Dame, convida qualquer pessoa a compartilhar uma homenagem —quer seja um discurso, monológo, trabalho de arte visual ou qualquer outra coisa—, colocando no site do projeto um link para um vídeo do YouTube. As contribuições já postadas incluem uma performance de um Hamlet armado com navalha e uma explicação do deputado democrata Ted W. Lieu, da Califórnia, das razões por que gosta de Shakespeare.