Apesar do estilo intenso de Bukowski levar a vida – tinha o álcool como fiel companheiro e não raro estava metido com drogas e orgias – foi a leucemia que, em 9 de março de 1994, deu fim à vida de Henry Charles Bukowski Jr. – ou Hank para os íntimos. “Don’t try” é o recado que ficou na lápide de seu túmulo, em Los Angeles. Parece que nem mesmo ele acreditava que chegaria tão longe, pois sempre que o assunto era morte, o tom beirava a ironia. Abaixo, um poema do livro As pessoas parecem flores finalmente com tradução de Claudio Willer.
encômios
após a morte
exageramos as boas qualidades de alguém,
nós as inflamos.durante a vida
frequentemente sentimos repulsa pela mesma pessoa
enquanto falamos com ela ao telefone
ou só de estar no mesmo aposento.e frequentemente criticamos o jeito como
andam, falam, vestem-se
vivem
creem.mas é só morrerem
então que criaturas elas
se tornam.se apenas em uma cerimônia fúnebre
alguém dissesse,
“que indivíduo odioso
esse aí foi!”que em meu funeral
haja só um pouco de verdade,
e depois a boa e limpa
poeira.
Mas se depender da L&PM, o velho Hank jamais morrerá. Prova disso são os livros da série Bukowski.