A “Maison de Balzac”, ou museu Balzac, é um dos últimos vestígios daquilo que foi a cidade de Passy, antes de virar, em 1860, um bairro de Paris. Sua origem remonta do final do século XVIII e hoje o bairro de Passy tem o aspecto cosmopolita e agitado dos bairros que margeiam o Sena e a Île de La Cité. O museu Balzac foi adquirido pela prefeitura de Paris no começo do século XX e é a única residência de Honoré de Balzac que ainda está de pé. Ele foi morar lá em 1840 por questões estratégicas. Primeiro, porque era distante de Paris, ou seja, dos bairros onde estão o Boulevard Saint Germain, a região do Louvre e o centro financeiro da época, perto da Ópera. Segundo, porque era o lugar ideal para fugir dos credores, lembrando que naquele tempo os devedores podiam ser presos no momento em que fossem “protestados”. Nesta época, Balzac já se tornara uma celebridade, mas mesmo assim era pressionado por enormes dívidas acumuladas de seus negócios fracassados: uma coleção de clássicos para vender ao público, uma gráfica, uma tipografia, uma revista e um jornal. Trocando em miúdos, na década de 1840, ele devia o que hoje seria em torno de R$1.800.000,00. Esta dívida era com familiares, amantes e empresas em geral.
Pois Balzac achou Passy um bom lugar para poder escrever sem a pressão daqueles para os quais devia. E, mais ainda, esta casa possuía três andares e estava construída em três planos. A entrada é pela Rue Raynouard e, três andares abaixo, há uma saída no primeiro piso, na rue Du Roc. Hoje, o museu ocupa todo o imóvel. Na época, Balzac alugava apenas o andar do meio e dispunha de duas saídas, em caso de emergência. Em 1847, ele abandonou Passy e mudou-se para rua Fortune, hoje rue Balzac, próxima ao Champs Elisée e ao arco do Triunfo, na expectativa de casar com a Condessa Eveline Hanska, o amor da sua vida (casa que foi comprada pelo barão Rotschild e demolida para a construção de outro imóvel). Neste museu, os fãs de Balzac encontrarão o mundo Balzaquiano que foi possível preservar. Lá está, intacto, o seu gabinete de trabalho, seus quadros, desenhos, retratos, esculturas, entre as quais o célebre busto esculpido por Rodin, mais fac-similes de seus livros, provas e todo o tipo de objeto que cercou e fez parte do mundo de Balzac e que foi possível ser recuperado para a posteridade. Embora famoso, demorou muito tempo para que ele fosse considerado o gênio que já imaginava ser na década de 30, quando criou a Comédia Humana. “Acho que tornei-me um gênio” escreveu à sua irmã imediatamente depois de conceber o projeto da Comédia. Assim, Paris foi negligente em relação a sua memória e muita coisa que fez parte da vida de Balzac desapareceu ou foi destruída por ser considerada “sem importância”. Demorou 50 anos para que percebessem que aquela cidade havia sido o “campo de batalha” do maior de todos os escritores franceses de todos os tempos.
Na Coleção L&PM POCKET, estão disponíveis 16 obras de Balzac.
Sou fã de Balzac