Paris III – 4 horas para ver Monet

Nada é mais “in” no circo cultural parisiense do que a exposição “Monet” que vai até 28 de janeiro de 2011 no Grand Palais. O imenso palácio de 77 mil metros quadrados, localizados entre a Avenida Champs-Élysées e o Sena, tem abrigado os grandes acontecimentos artísticos de Paris. Em 2008, a exposição “Picasse et ses maîtres” teve um milhão de espectadores em quatro meses. Muitíssimo divulgada, com enorme repercussão na imprensa, tornou-se um verdadeiro “tour de force” ver “Monet”. Para quem não quiser esperar 4 horas na fila, só há duas opções: comprar o ingresso de 9 euros pela internet (www.grandpalais.com.fr), e esperar só uma hora e meia, ou apresentar credenciais de imprensa. Para quem, na pior das hipóteses, tiver que esperar 4 horas, há um consolo: vale a pena. Espere as 4 horas! Leia um livro, revistas, converse, se distraia com os joguinhos no celular, mas espere. Nunca houve 200 quadros de Monet, o maior de todos os impressionistas, expostos tão sabiamente num espaço tão nobre. Só há um pequeno problema: o quadro “Impressão, sol nascente” de 1873, que pertence ao museu Marmottan Monet (2, rue Louis Boully – www.marmottan.com), fruto da doação de Michel Monet, neto do pintor, não está na mostra. O motivo é prosaico: o diretor do Marmottan brigou com o curador da exposição e não teve jeito dos moços fazerem as pazes. Resultado: o público não pode ver o mais célebre de todos, embora estejam expostos alguns quadros da mesma série, quase réplicas da cena da discórdia. Mas afora este pequeníssimo detalhe, a exposição é deslumbrante; as paisagens de Fontainebleu, as marinhas na Normandia, as paisagens de Havre, de Argenteuil, as poderosas vistas parisienses, o famoso quadro da Gare Saint Lazare, os retratos, as vistas de Londres, os estudos e o próprio “Almoço sobre a grama”, imenso e impressionante, as imagens da Catedral de Rouen (expostas lado a lado da réplica pop de Roy Lichteinstein) pintadas em várias horas do dia e a célebre série das “Ninféias”. O que está no Gran Palais é um panorama preciso da obra do artista que tirou a pintura do atelier. Ao levá-la para a rua, Claude Monet (1849-1926), sacudiu a poeira dos clássicos, dando um novo frescor e alento à pintura. Depois dele, a arte nunca mais foi a mesma. (IPM)

A fila para ver Monet dá voltas em torno do Grand Palais - Foto: Ivan Pinheiro Machado

O cartaz avisa sobre a demora - Foto: Ivan Pinheiro Machado

 

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