Momento Jason Bourne: assalto na Calle Layetana

Eu já estava na movimentada Calle Layetana, embarcando minha bagagem no táxi que me levaria ao aeroporto. Dei adeus e abracei minha amiga que incansavelmente me conduziu pelas calles e caves de Barcelona. Isso durou dois minutos. Quando me virei para pegar minha bolsa (onde estava tudo, inclusive passaporte), não havia nada. Centenas de pessoas passavam apressadas e uma me disse, “ele foi por ali”. Por instinto eu saí correndo numa velocidade que faria inveja a um velocista jamaicano. De repente eu vi o sujeito no meio da multidão. Reconheci pela alça que tem cor diferente da bolsa. Acelerei mais ainda diante dos pedestres e turistas perplexos e a uns cinco metros do sujeito gritei “ladron!”. Ele tentou correr e, num instante de irreflexão, pulei na garganta dele. Ele caiu e me olhou apavorado. Arrancou a bolsa, atirou-a em mim e se perdeu a toda velocidade pela Calle Princesa, uma transversal da Layetana. Meus batimentos cardíacos estavam, provavelmente, em 440. Pensei em ligar para o Dr. Lucchese… Alguns transeuntes vieram até mim indagando se estava tudo bem com uma admirada solidariedade. E eu saí passo a passo, agarrado na minha bolsa. Aos poucos as nuvens foram se dissipando e o sol apareceu radiante banhando de luz os telhados de Barcelona. Peguei o táxi finalmente. Meu destino é Paris. Amanhã começa o Salão do Livro. Apesar do incidente saio com as mais gratas lembranças dessa cidade amável, linda, onde quero voltar sempre. E espero que em Paris eu não precise utilizar novamente meu lado Bourne…

7 ideias sobre “Momento Jason Bourne: assalto na Calle Layetana

  1. Eduardo Bueno

    Convivendo há anos com Ivan, sempre soube que um dia ele iria desenvolver sua veia ficcionista. Ainda bem que quem decide quais os livros que são publicados pela casa é o Lima. E esse conto NÃO será lançado pela prestigiada L&PM.
    um abraço do crítico literário
    Nom de plume

    Responder
  2. Raphael L. M.

    O texto ficou realmente bom. E felizmente tudo foi recuperado né. Ainda bem, seria uma “afronta à dignidade” de um brasileiro, com tanta violência e assaltos no Brasil (infelizmente), sair daqui pra ser assaltado na Europa, haha.

    Responder

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *