Henrik Ibsen nasceu na Noruega em 20 de março de 1828 e morreu em 23 de maio de 1906. Destacou-se pela magnífica obra em dramaturgia, que lhe valeu uma indicação ao prêmio Nobel de Literatura em 1902. Escreveu alguns grandes clássicos do teatro ocidental como Hedda Gabler, Pato selvagem, Casa de Bonecas, Um Inimigo do Povo, entre outras.
No momento em se lembra Ibsen, no aniversário de sua morte, é obrigatório que se lembre de Um Inimigo do Povo, seu trabalho mais polêmico e mais importante, escrito na Itália em 1882. Talvez a primeira grande alusão literária a um crime ecológico. E mais: através deste crime ecológico, Ibsen se coloca diante da constatação melancólica daquilo que Millôr Fernandes diz ser a “inviabilidade” do ser humano.
A peça trata de um médico, o dr. Stockmann, profundamente identificado com sua cidade – uma estação de veraneio no interiror da Noruega –, que descobre que os resíduos de uma fábrica próxima da cidade passaram a poluir o lençol freático da região, contaminando as águas que são procuradas pelos turistas. Num primeiro momento, ele é aclamado pela descoberta. Mas imediatamente os interesses de uma minoria se impõe e ele passa a ser escorraçado pelos cidadãos. Insuflados pelos governantes e proprietários, os moradores da região o acusam de querer acabar com a fonte de renda da cidade…
Profético, no que diz respeito à denuncia de um crime ambiental, Ibsen trata de um tema antigo como o mundo, que é a inveja, a ambição, o egoísmo e a perversidade do ser humano. (Ivan Pinheiro Machado)